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Entrevista | André Motta Ribeiro relata cenário atual da pandemia em Santa Catarina

Por: Marcos Schettini
10/03/2021 18:40
Maurício Vieira/Secom

Em exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, deu um panorama da realidade atual da crise sanitária que assola a humanidade. Diante do cenário gravíssimo vivido em Santa Catarina, com a variante brasileira do coronavírus deixando UTIs lotadas e famílias em lágrimas, André Motta afirmou que a cepa que circula é muito mais contagiosa e possui uma carga viral muito mais intensa, agravando o quadro nos hospitais.

Comandando a Secretaria mais importante do Governo Moisés em virtude da pandemia, o médico toma postura coerente em questões como tratamento precoce e sobre o caso dos respiradores. Também, afirmou que a gestão tem criado mais de mil leitos de UTI e três mil leitos clínicos exclusivamente para combater a Covid-19. De acordo com ele, é como se tivesse sido criado mais de 15 ou 16 hospitais de campanha com 60 leitos cada. Confira:

Marcos Schettini: Tem quem afirme que o Sr. não tem se empenhado contra a pandemia. O que está havendo?

André Motta Ribeiro: Além de uma crise sanitária histórica e terrível, temos também um momento de muita desinformação. Isso é ruim e complica o trabalho que temos feito. Posso dizer que quem acompanha minha agenda diária há mais de um ano neste enfrentamento, tem a exata noção do esforço que está sendo feito.


Schettini: Por que não há vacina? É falta de pulso do governador ou do presidente da República?

André: Vacinas existem e estão sendo aplicadas. Mas este é o insumo mais disputado do mundo e, infelizmente, mais da metade dos países ainda não recebeu doses para imunizar sua população. Posso assegurar que o Estado tem cumprido seu papel. Organizou a rede de frios, treinou profissionais, planejou a logística e tem feito a distribuição das doses que recebemos do Ministério da Saúde em até 24 horas, para todas regiões de Santa Catarina. Já pedimos ao Ministério da Saúde em diversos momentos para que aumente a oferta para o Estado, e temos cobrado dos municípios que acelerem a aplicação das vacinas recebidas.

Schettini: A pandemia saiu de controle por falta de consciência da sociedade ou dos empresários insensíveis às medidas do Estado?

André: Pandemia, por definição, significa doença disseminada e com controle extremamente difícil. Com a Covid, é exatamente isso. A doença é grave e, infelizmente, letal em muitos casos. Pior ainda com a variante brasileira, que é muito mais contagiosa e com uma carga viral mais intensa, o que agrava o quadro. Muito foi planejado e ofertado para garantir segurança em saúde para a população. Porém, é fundamental que todos tenhamos consciência da gravidade da situação e do papel de cada um. É uma doença da sociedade, pessoas contaminando pessoas e, também por isto, as regras sanitárias precisam ser cumpridas.


Schettini: Lockdown é a saída ou é preciso entender as circunstâncias?

André: Desde junho do ano passado o Estado adota modelo de gestão compartilhada com os municípios por entendermos que a disseminação da doença se faz de forma desigual no território catarinense. Esse modelo tem se mostrado eficaz. Precisamos entender onde existe risco maior para disseminação da doença e atuar firmemente para diminuir danos. O fato é que a circulação das pessoas precisa ser muito bem dosada para impacto na velocidade de transmissão do vírus. Várias portarias, notas técnicas e decretos foram publicados. Mas as regras precisam ser cumpridas e o respeito às autoridades tem que ser resgatado.

Schettini: Cadê os R$ 33 milhões dos respiradores?

André: Estamos com investigação em andamento, aliás determinada pelo Governo do Estado imediatamente quando identificado o problema. Seja na esfera administrativa ou judicial, os órgãos responsáveis estão tomando as providências cabíveis. Todo o recurso precisa ser recuperado. O dinheiro público tem que, necessariamente, ser utilizado em benefício da sociedade.


Schettini: Por que a demora para dar esta resposta para a sociedade?

André: As investigações e processos judiciais tem o seu tempo, até para que injustiças não sejam cometidas.


Schettini: O que há de justiça e desinformação nesta história?

André: Como é um processo ainda em investigação, conclusões não se justificam. Mas boa parte dos recursos já foram recuperados. E estão em uma conta judicial, enquanto o processo não é concluído.


Schettini: A oposição ataca o governo afirmando uma arrecadação de R$ 3 bilhões suficiente para dar as respostas ao coronavírus. Por que não utilizam?

André: Mais uma vez, preciso lembrar da dificuldade de comunicação e informações. O Estado presta contas regularmente das suas receitas e despesas, aliás, publicadas no site do governo e portal da transparência. Mais de 1 bilhão de reais já foi repassado aos municípios catarinenses, inclusive da fonte 100. O boletim SEGOV mostra claramente os recursos disponibilizados para cada município do Estado, inclusive identificando as fontes. Audiências regulares na Alesc e CES também são ambientes onde o Estado de SC presta contas à sociedade.


Schettini: Os repasses aos municípios não seriam justificados para ampliar a força de combate?

André: Como comentei há pouco, o Estado garante todo o apoio necessário aos municípios para o enfrentamento da pandemia, incluindo recursos financeiros suficientes. O Governo Federal também repassa valores significativos para a estruturação de oferta por parte dos municípios.

Schettini: Hospital de campanha ou investimentos hospitalares?

André: O Estado de Santa Catarina possui uma rede hospitalar capilarizada e qualificada para este enfrentamento e outras necessidades. Para o enfrentamento da pandemia criamos mais de mil leitos de UTI e três mil leitos clínicos exclusivamente para Covid. Isso significa um aumento da mais de 170% da oferta inicial. Para o cidadão compreender, é como se tivéssemos criado mais de 15 ou 16 hospitais de campanha com 60 leitos cada. Optamos por esse modelo porque com o hospital de campanha o equipamento é alugado e depois da crise vai embora. Com a estruturação dos hospitais e a ampliação dos leitos, a estrutura fica e vai garantir uma estrutura maior e melhor para o futuro. Além dessa estruturação, instituímos a Política Hospitalar Catarinense em 2019, repassando mais de R$ 300 milhões por ano aos 116 hospitais que a compõem. Outro ponto importante desta questão: o Governo do Estado pagou nos últimos dois anos uma dívida histórica da saúde – de mais de R$ 700 milhões. É isso que nos permite hoje retomar a relação com muitos fornecedores fundamentais neste momento.


Schettini: O chamado tratamento precoce é ilusão ou saída? O que há de verdade e mentira nisso?

André: Nós defendemos desde o início a autonomia do médico para que, pactuando com o paciente, defina o melhor tratamento para cada caso específico. Temos alertado a necessidade de consulta imediata após qualquer sintoma da doença, e um diagnóstico qualificado para mensurar a gravidade de cada caso. Além disso há a recomendação de tratamento imediato, o monitoramento e rastreabilidade de quem teve contato com o paciente. Em resumo, não estamos falando da prescrição do medicamento A ou B, mas de uma série de ações que, em conjunto, podem minimizar o impacto da doença, ou acelerar a recuperação do paciente.


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